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Até quando vamos espremer nossos corpos?


POR: Juliana Seben
04-03-2022 - 13:16
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foto: unsplash

Ano passado, vulgo 2021, comprei um vestido mega confortável. Pra aproveitar, já dou a dica, é da marca brohood, do meu primo Fernando Gardelin (site aqui). Quando meu pedido chegou, fiquei muito feliz que serviu direitinho e que eu não havia me importado que, sendo bem colado, deixaria à mostra a barriguinha que eu tenho desde que meu corpo se transformou num corpo de uma mulher. 


Lá se foram uns 24 anos de convivência e eu ainda não me acostumei com essa presença. Mas seguindo na história, esse vestido acabou ficando guardado no armário, dando apenas uns rolês de vez em quando, quando eu o usava com algo amarrado na cintura para disfarçar a gordurinha. 


Voltamos pra 2022, no dia de hoje. Decidi usar o vestido, mesmo tendo engordado alguns quilos nos últimos meses e estar com a barriga ainda mais saliente do que naquela data de 2021. Decidi bancar, assumir, respeitar minha barriguinha que já teve que responder se estava grávida. Por quê? Simplesmente por estar cansada de espremer meu corpo. 


Calcinhas modeladoras eu já larguei há um bom tempo. Foi quando percebi que nas festas não conseguia aproveitar, porque ficava com dor de estômago ou até sem respirar direito. Que vida é essa em que priorizamos estar com a barriga apertada a curtir um evento livre, leve e solta? 


A gente se livrou de muitas amarras, mas a questão estética ainda nos prende muito. Seria isso intencional? Enquanto nos preocupamos com o corpo perfeito, os homens focam em suas carreiras. A autoestima que perdemos enquanto direcionamos o olhar nos defeitos na hora do espelho, os homens a transformam em coragem pra arriscar (e muitas vezes ganhar por isso). O dinheiro que gastamos em procedimentos estéticos (e tudo bem se você opta por isso, não é uma crítica, eu mesma já fiz tantos), os homens investem em sua qualificação pessoal ou profissional. 


Quanto tempo, saúde e recursos financeiros desperdiçamos com a preocupação em ter a barriga negativa ou vestir algo que aperte, disfarce, engane a nós mesmas? Toda vez que vou me vestir é a mesma preocupação: qual roupa vai esconder a minha barriga. Eu quero muito chegar no dia em que a pergunta seja: que roupa vai deixar eu conquistar o mundo? Expressar meu humor sem filtros? Deixar eu brilhar na minha própria passarela? 


Meu maior desejo é permitir que olhares e comentários fiquem no lugar de onde saíram: na insignificância dos recalques de quem adora julgar. Eu já fui essa pessoa, tenho vergonha, mas não me acovardo em falar. Isso sim eu espremi e deixei bem escondido.


Mulher, que tal mexer no teu armário hoje mesmo? 



 

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